sábado, 28 de maio de 2011

Quarto "Piratas do Caribe" é aventura sem grandes surpresas

Quando surgiu em 2003, "Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra" surpreendeu público e crítica ao conseguir equilibrar a fórmula de um blockbuster sem abdicar do roteiro bem escrito e de personagens interessantes - com destaque para a interpretação de Johnny Depp como o anti-herói Jack Sparrow.



Inspirado pelo roqueiro Keith Richards, dos Rolling Stones, o ator conferiu ao pirata trejeitos de uma pessoa bêbada ou afeminada, causando uma estranheza que cativou as plateias e alavancou a bilheteria do filme, transformando a aventura numa franquia de sucesso, que contabiliza mais de US$ 2,7 bilhões (R$ 4,37 bi)  com três filmes - Richards, vale citar, gostou da homenagem e aceitou interpretar o pai do personagem em "No Fim do Mundo", terceiro filme da série.
Mas se o público respondeu positivamente ao carismático capitão sem navio, não foi dessa maneira que a chefia da Disney recebeu a atuação de Depp. O ator revelou em entrevistas que sua interpretação deixou os executivos confusos sobre a sexualidade do herói, chegando a afirmar que sua participação arruinaria a produção.
Oito anos mais tarde, Depp retorna ao papel que foi responsável por sua primeira indicação ao Oscar e o único, até o momento, reprisado em sua carreira. Por sorte ele não é o único de volta à série. Geoffrey Rush também reaparece como o capitão Hector Barbossa, eterno rival de Jack Sparrow, assim como Kevin McNally interpreta Joshamee Gibbs, o amigo e primeiro imediato do pirata.

Manter o conflito entre Jack (Depp) e Barbossa (Rush) foi um dos acertos da nova aventura
Desta vez a trama gira em torno da busca pela mítica Fonte da Juventude, que de acordo com os boatos é o objetivo de uma expedição organizada por Jack Sparrow em Londres - exceto pelo fato de o próprio pirata não saber de nada a respeito.
A investigação do mistério o leva a reencontrar Angelica (Penélope Cruz), um de seus antigos casos, e Edward Teach (Ian McShane), mais conhecido como Barba Negra, "o pirata temido pelos piratas", que busca a fonte na expectativa de sobreviver a maldição que prevê sua eminente morte. Na corrida ainda estão uma esquadra de navios enviados pela Espanha e o capitão Barbossa, agora atuando como corsário da coroa britânica.
A mudança do diretor - antes o responsável era Gore Verbinski ("A Mexicana" e "Rango"); agora é Rob Marshall ("Memórias de uma Gueixa" e "Nine") - implica em perdas nas sequências de ação e no uso equivocado da trilha sonora, que é desperdiçada em sua totalidade no início do filme ao invés de crescer com o avançar da projeção. Apesar disso, os cânones da série não sofreram grandes alterações, o que pode trazer segurança aos fãs, mas não acrescenta novos brilhos a história.
O destaque de "Navegando em Águas Misteriosas" ainda fica com os veteranos Jack e Barbossa, cuja eterna rixa ganha nova nuance após a revelação do que aconteceu com o Pérola Negra, navio que foi motivo de disputa entre eles na antiga trilogia. Já os novos personagens não conseguem empolgar tanto: enquanto o ótimo Ian McShane falha ao tentar assustar como o Barba Negra, a Angelica de Penélope Cruz parece estar ali para humanizar ainda mais Jack Sparrow.
E se o ponto fraco dos filmes anteriores era o par romântico formado por Orlando Bloom e Keira Knightley, em sua primeira aventura na direção da franquia Rob Marshall conseguiu persistir no erro, ao escalar os atores Sam Claflin e Astrid Bergès-Frisbey como o missionário Philip Swift e a sereia Syrena. A dupla, que parece mais apropriada à série teen "Crepúsculo", protagoniza os momentos de bocejos do filme.

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