sábado, 28 de maio de 2011

Piratas do Caribe 2: O Baú da Morte

Após o sucesso de "Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra", a Disney decidiu gravar juntamente (como foi o caso da trilogia Matrix, por exemplo) as duas continuações dos piratas que vêm dominando os cinemas. Foi aí que "Piratas do Caribe: O Baú da Morte" surgiu. Com seu orçamento girando em torno de 225 milhões de dólares, o segundo longa estreou em meio a outras grandes produções, como "Superman – O Retorno", porém, mesmo assim, surpreendeu ao quebrar vários recordes de bilheterias. Devido a isso, nós, brasileiros, ficamos mais ansiosos ainda para a estréia do filme. Ora, um longa que apenas em um dia faturou 55,5 milhões nos Estados Unidos, enquanto em um fim de semana arrecadou mais de 130 milhões no mesmo país, não deve ser tão ruim assim. Agora que finalmente assisti, posso dizer que bom não é. Em geral, "mediano" seria a palavra que melhor descreveria o projeto, uma vez que um conjunto de fatores é necessário para tornar um filme bom, e não apenas o seu aspecto técnico. Todavia isso explicarei mais adiante.
Seguindo a mesma linha da trama anterior, "Piratas do Caribe: O Baú da Morte" começa com os planos de casamento de Will Turner (Orlando Bloom) e Elizabeth Swann (Keira Knightley) sendo arruinados, já que os dois são presos sob alegação de terem ajudado um pirata, chamado Jack Sparrow, a escapar de sua pena. Tentando salvar a sua amada da morte, Will parte em busca de Sparrow com o objetivo de pegar um objeto deste. Porém o jovem se vê envolvido em uma perigosa trama armada por seu "amigo" pirata, que tem que saldar uma dívida de sangue com o Davy Jones, mestre das profundezas oceânicas e comandante do temível Flying Dutchman. Se não pagasse esta dívida, Jack seria amaldiçoado com uma vida de pós-morte de eterna escravidão a Jones. Paralelamente, Elizabeth não consegue apenas esperar por seu amado na prisão e também parte em busca de ajudá-lo a encontrar Jack. É então que a mulher se envolve em outras aventuras, até que encontra o capitão Sparrow. Pronto, a confusão está armada.
Está clara a principal motivação da Disney: dinheiro. Mas isso, obviamente, já era de se esperar. O problema é que realmente existem blockbusters não tão deprimentes em relação ao roteiro quanto "Piratas do Caribe: O Baú da Morte". São mais de duas horas de plena enrolação, apenas isso. Nem a tentativa de criar um triângulo amoroso entre Jack Sparrow, Elizabeth Swann e Will Turner convence. O romance é abordado de maneira extremamente artificial, mas isso pode ser relevado, já que não é o ponto principal do filme. O problema é que praticamente todas as subtramas são vistas de forma superficial, com exceção da relação de Will com seu pai, Bill Turner. Sinceramente, primar o aspecto financeiro e a diversão não deve levar a um esquecimento da história, e foi isso que aconteceu. Preocuparam-se com o aprimoramento de efeitos especiais, por exemplo, e sequer lembraram da trama em si. Aliás, tudo encaminha-se ao terceiro filme, chamando, assim, mais pessoas a assistirem à outra produção.
A direção de Gore Verbinski, ao trazer aventura e ação, é bastante satisfatória. Devido a isso, o cineasta dota a trama de um aspecto divertido. Embora tecnicamente bem feitas, algumas cenas são longas demais, entediando facilmente o espectador. Como já citei, há certas seqüências que são enrolações puras, chegando a levar a quem está vendo o filme a se perguntar qual a ligação com a história real do longa. Vamos tentar entreter, mas pelo menos associem à trama, por favor. Em meio a aspectos não tão fascinantes, os toques cômicos realmente foram bem trabalhados, deixando, assim, o esquecimento da história um pouco mais imperceptível. O emprego dos efeitos especiais também foi bem utilizado, equiparando-se ao tão badalado Superman – O Retorno, filme mais caro da história cinematográfica. A trilha sonora, composta pelo alemão Hans Zimmer, é outra que, em meio a decepções, agrada um pouco. Não é magnífica, porém traz mais entusiasmo ao filme, ajudando certos momentos mais duradouros a passarem mais rapidamente.
Johnny Depp, na pele do capitão Jack Sparrow, mais uma vez desempenha um bom trabalho. O ator, que vem se tornando mais requisitado em Hollywood, demonstra maturidade para compor os mais diversos personagens, enquadrando-se em cada tipo desejado. Não foi à toa que recebeu uma indicação ao Oscar pela interpretação de Sparrow no primeiro filme. Todavia os outros dois atores principais não parecem estar no mesmo nível de Johnny, infelizmente. Confesso que tenho certa pena da Keira Knightley. As vezes, até sinto que a atriz se esforça, mas definitivamente quase nunca consegue incorporar realmente Elizabeth. É até algo deprimente de se escrever, porém talvez Keira se saísse melhor em uma carreira de modelo. Não digo que em outros filmes ela foi tão ruim assim, inclusive no primeiro "Piratas do Caribe", que foi gravado há 3 anos atrás, conseguiu ser melhor, todavia, definitivamente, o resultado final das atuações da moça não é satisfatório. Bem, mas ainda tenho esperanças de que um dia essas falhas de atuação da atriz serão plenamente superadas e ela se tornará uma das melhores do ramo cinematográfico. Será? Parece piada, porém vamos esperar. Praticamente do mesmo nível de Keira, está Orlando Bloom. Os dois formam um casal lindo, todavia nem tão competente assim. Orlando praticamente possui sempre a mesma fisionomia. O seu olhar já é típico. Novamente digo, algo que espero ser superado no futuro.
E, claro, Davy Jones não poderia deixar de ser comentado, nem que fosse no final desta crítica. Através de motion capture, mesma técnica usada em "O Senhor dos Anéis" (em Gollum/Smeagol, para ser mais precisa), este personagem foi criado por computadores e, depois, através dos movimentos do ator Bill Nighy, humanizado. E humanizado no real sentido da palavra. Basta visualizar os olhos do personagem que possui características de polvo e caranguejo ao mesmo tempo. Em determinada cena, a emoção que Nighy deu ao papel foi melhor do que todas as seqüências de Keira e Orlando (e olhe que foram muitas…). Embora Stellan Skarsgård, que interpreta o pai "morto-vivo" de Will Turner, não possua tanto espaço no filme, a sua capacidade dramática também ajuda um pouco no decorrer da trama.
Enfim, "Piratas do Caribe: O Baú da Morte" definitivamente não foi feito para ser um filme com história. Seu roteiro é sofrível, repleto de enrolações que não levam a lugar algum, e apenas visa o terceiro longa. Em geral, as atuações dos atores principais, com exceção de Depp, não são boas, não trazendo emoção à trama. Todavia aqueles menos exigentes que buscam um pouco de comédia, poderão sair das salas de cinema imensamente satisfeitos. Arrisque em assisti-lo, ao menos um pouco divertido será.

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